Fui obrigada a ter filhos
Ter filhos é uma obrigação ou uma escolha?
Posso escolher por não ter filhos?
Serei uma mulher incompleta se não quiser ter filhos?
Antes de responder a essas perguntas, vamos pensar um pouco.
Existe uma tendência milenar em associar papéis sociais aos indivíduos (em partes porque colocar etiquetas facilita a tomada rápida de decisões, independente de estarem corretas ou não), falamos aqui de um “simples” mecanismo de defesa biológico que permite a sobrevivência de uma espécie.
Quando analisamos o conceito de gênero (homens e mulheres) ele não é diferente, pois temos a associação do homem ao caçador / provedor e da mulher associada a coletora / procriadora.
Vemos aqui uma etiqueta com base em uma visão biológica, afinal homens em linhas gerais tem uma constituição física mais forte que os permitia em épocas passadas buscarem alimentos em territórios afastados. Já as mulheres passam nove (09) meses encubando um feto e mais um longo período dando o suporte necessário ao desenvolvimento daquele feto nascido e agora chamado de bebê.
Assim como a evolução social permite a todos que o queriam não mais ter de caçar para buscar alimentos bastando atravessar a rua e encontrar o primeiro supermercado, ela também permite a mulher não mais ter de desempenhar o papel de incubadora ou “perpetuadora dos genes”.
Falamos aqui não mais de uma visão ou vislumbre de um futuro, mas sim de um fato real e tangível. O número de mulheres que optam por postergar a maternidade ou até mesmo por não terem filhos é crescente, nas mais diferentes camadas sociais.
Não estamos falando apenas das mulheres isoladamente, mas também de casais que preferem construir o futuro sem filhos e que são cada vez mais comuns.
Nos Estados Unidos e na Europa, a porcentagem de pessoas sem filhos chega a 30% da população feminina que tem inclusive refletido nos hábitos de consumo de bens e serviços. Mulheres e casais sem filhos geralmente tem um potencial financeiro mais elevado e podem desfrutar do acesso a bens de maior valor agregado como carros, casas ou viagens.
Na medida em que as mulheres e jovens casais entram para a força de trabalho, eles curtem o que fazem e o poder de compra que passam a desfrutar. As mulheres esperam mais para se casar e observam a luta das colegas para cuidar e educar os filhos passando então a reforçar o desejo de seguir um caminho diferente.
A decisão de não ter filhos pode também ser associada a fatores externos, tais como a falta de recursos financeiros ou por estar ocupada com o desenvolvimento profissional ou acadêmico. Em vários outros casos é uma simples escolha de vida!
Optar por não ter filhos em nada se relaciona ao egoísmo (retórica muitas vezes utilizada pelos defensores do conceito tradicional de família). Egoísmo por definição é colocar seus interesses, opiniões, desejos, necessidades em primeiro lugar, em DETRIMENTO do ambiente e das demais pessoas com quem nos relacionamos. Temos então uma simples falácia (raciocínio errado com aparência de verdadeiro).
Caso contrário escolher com quem nos relacionar, qual carreira seguir, qual faculdade fazer, qual profissão desempenhar teria também de ser visto como egoísmo dentro dessa definição errônea.
O que muitos defensores dos conceitos tradicionais de família não percebem é que um casal que escolha não ter filhos, assim como um individuo que escolha viver sozinho (o número de solteiros por opção é crescente) é igualmente um núcleo familiar, pois tais indivíduos podem ser em muitos casos mais socialmente ativos, participativos e zelantes pelos direitos e desenvolvimento da comunidade onde estão inseridos do que muitas ”famílias” que egoisticamente promovem o detrimento da comunidade da qual parasitam.
Os padrões tradicionais advêm de contexto histórico e biológico sendo por consequência conceitos mutáveis e que jamais deverão ser impostos.
Portanto aqui vão as respostas às perguntas:
Ter filhos é uma obrigação ou uma escolha?
É uma simples escolha tão digna e bela quanto qualquer outra.
Posso escolher por não ter filhos?
Sim. Sendo o que lhe faz feliz vá em frente com toda energia.
Serei uma mulher incompleta se não quiser ter filhos?
Não será. Seria o mesmo que dizer que um homem será incompleto se não puder pegar um arco e flecha e se enfiar no mato para trazer um javali para o jantar, ou que para um homem ser completo ele tem de copular com todas as fêmeas da vizinhança.
Ser uma mulher plena é ser você mesma, sem quaisquer rótulos históricos, biológicos ou determinísticos.
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Aborto no Brasil
O Aborto no Brasil é um crime em algumas situações e permitido em outras.
NÃO É CRIME E NÃO SE PUNE: o abortamento praticado por médico(a), se:
a) Não há outro meio de salvar a vida da mulher (art. 128, I);
b) A gravidez é resultante de estupro (ou outra forma de violência sexual), com o consentimento da mulher ou, se incapaz, de seu representante legal (art. 128, II).
c) A jurisprudência brasileira tem autorizado a interrupção de gravidez nos casos de malformação fetal com inviabilidade de vida extra-uterina (fetos anencéfalos), com o consentimento da mulher.
Em todos esses casos, o abortamento é um direito da mulher.
De forma contínua agregamos informações de caráter político e social sobre o procedimento de Aborto no Brasil. Caso você tenha informações que considere úteis, não deixe de nos enviar para que as mesmas sejam publicadas.
Participe, colabore, dê a sua opinião e mostre seus conhecimentos. Todos são sempre BEM VINDOS!
Protocolo Misoprostol
Cartilha desenvolvida pelo Ministério da Saúde Brasileiro, na qual é apresentado um protocolo para utilização do misoprostol em obstetrícia. Vale observar que essa cartilha segue várias das definições já feitas pela OMS em seu Guia técnico de Abortamento.
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/protocolo_utilizacao_misoprostol_obstetricia.pdf
Atenção Humanizada ao Abortamento
O Ministério da Saúde Brasileiro, cumprindo o seu papel de normatizador da atenção que é prestada à população e visando a garantir os direitos sexuais e os direitos reprodutivos das mulheres, elaborou a Norma Técnica Atenção Humanizada ao Abortamento, um guia para apoiar profissionais e serviços de saúde e introduzir novas abordagens no acolhimento e na atenção, com vistas a estabelecer e a consolidar padrões culturais de atenção com base na necessidade das mulheres, buscando, assim, assegurar a saúde e a vida.
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/atencao_humanizada.pdf
Para presidente do CFM, há “hipocrisia social” em relação ao aborto
O presidente do Conselho Federal de Medicina, Roberto D’ Ávila, justificou a decisão de apoiar o aborto até a 12ª semana de gestação sob o argumento de que há, no Brasil, uma “hipocrisia social” em relação à interrupção da gravidez. Segundo ele, as mulheres com condições financeiras têm recorrido a métodos seguros, enquanto as mais pobres acabam se submetendo a meios alternativos que podem colocar em risco a própria vida.
“Esse é o retrato de uma grande hipocrisia social. Filhas de médicos, juízes e advogados vão fazer a interrupção de forma segura e muitas vezes com médicos e aparelhos específicos. Já a mulher pobre não tem acesso. Ela faz em condições inadequadas, inseguras, usa doses erradas de medicamentos e fazem a manipulação do útero e enriquece as estatísticas horrorosas da saúde pública, nas quais o aborto é a quinta causa da mortalidade”, justificou D’ Ávila, acrescentando que essa desigualdade é inaceitável do ponto de vista médico.
Leia mais: Para presidente do CFM, há “hipocrisia social” em relação ao aborto – Notícias
Estelionatários do cytotec começam a ser presos
O golpe do Cytotec é apenas uma das vertentes de uma praga global que são as farmácias ilegais. Elas vendem medicamentos falsificados que em muitos casos podem levar a morte das pessoas que os utilizam. No Brasil em função das restrições legais a prática do aborto formou-se um sub-segmento desse crime que consiste na prática de estelionato. A reportagem abaixo mostra que algumas reações já estão ocorrendo, mas ainda assim de forma insipiente ao considerarmos o volume de golpistas online e incipiente ao considerarmos a impunidade legal e continuidade dos delitos.
Médicos serão investigados por denunciarem pacientes que praticaram aborto
O Cremesp (Conselho Regional de Medicina de São Paulo) vai abrir sindicância para apurar os casos em que médicos denunciaram mulheres por aborto. O presidente do Cremesp, João Ladislau Rosa, classificou as denúncias como “assustadoras” e se surpreendeu com a atitude de colegas da categoria. A pena para esse tipo de conduta pode variar entre uma advertência pública até a suspensão por 30 dias ou a cassação do direito de exercer a função médica.
http://noticias.r7.com/saude/medicos-serao-investigados-por-denunciar-aborto-22122014
Aborto até o terceiro mês não é crime
Em uma decisão inédita referente a uma clínica clandestina de aborto em Duque de Caxias (RJ) a maioria da primeira turma do STF (Supremo Tribunal Federal) firmou o entendimento, nesta terça-feira (29/11/2016), de que praticar aborto nos três primeiros meses de gestação não é crime.
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